Design Thinking
Volume 1 Nº 14 (2018) REGEM mar 2018
ISSN 2763-8022 (International Standard Serial Number). Atualizado em janeiro de 2022.
por Prof. Saulo Carvalho
*direitos reservados ©. Texto com liberdade de citação: CARVALHO, Saulo Henrique
Disciplina obrigatória nas principais e mais respeitadas escolas de administração e engenharia internacionais como Stanford, Berkeley e M.I.T, o Design Thinking é muito mais do que alguns cursos de opaco horizonte alardeiam.
O que é Design Thinking?
É um processo de construção criativa de uma solução – produto, serviço ou sistema – a partir da desconstrução daquilo que superficialmente o problema tem a apresentar. Significa mergulhar (com técnicas acadêmicas e já testadas) na vivência do problema, ou seja, para entender melhor os problemas que uma pessoa com deficiência visual enfrenta e lhe proporcionar soluções, o Design Thinking propõe que o profissional vende seus olhos e esteja exposto ao mesmo ambiente daquele que não pode enxergar. O Design Think deverá colocar as pessoas envolvidas no cerne do processo de criação.
IMERSÃO:
como primeira etapa, é fundamental para as gerações de inovações disruptivas que entreguem soluções mais amplas e eficazes e, ao mesmo tempo, com alto caráter de simplicidade em sua aplicação.
IDEAÇÃO:
Nessa etapa, após o envolvimento profundo com as nunces do problema e a participação efetiva das pessoas envolvidas, deverão surgir insights de uma solução que o aborde em 360º e possibilite um passo à terceira etapa.
PROTOTIPAÇÃO:
No Design Thinking, esta etapa não será apenas uma fase de testes mas sim uma evolução da solução pensada mesmo que isso signifique total remodelação do protótipo. No conceito de Design Thinking deverá ser valorizado o caminho percorrido pois mesmo que o protótipo seja inútil inicialmente, acredita-se que nele germina alguma semente que se, remodelada, poderá germinar na solução adequada.
APLICAÇÃO:
Por último, após longo processo de evolução e prototipagem, surgirão frutos que poderão ser aplicados de forma embrionária (ainda ligada a terceira etapa de melhoria contínua) ou em maior escala:
A similaridade do Design Thinking ao método PDCA (planejar, fazer, checar e agir) inicialmente poderá confundir o leitor. O PDCA fruto de muitos séculos de pensamento filosófico (Copérnico, Telesio, da Vinci, Descartes e outros não menos importantes como os clássicos gregos) surge ou ressurge no século vinte aperfeiçoado por norte-americanos e japoneses.
Apesar da similaridade entre os dois processos, talvez a maior diferença entre o Design Thinking e o PDCA seja o formato da etapa de IMERSÃO onde os gestores do processo de Design Thinking precisam, de fato, vivenciar as relações do problema apresentado trazendo e valorizando a fundamental importância de todas as pessoas diretamente envolvidas ou impactadas de alguma forma pelo problema.
Então, de forma simplificada, o Design Thinking pode ser definido como um processo estruturado, e ao mesmo tempo orgânico e não estruturado, para a solução mais abrangente e eficaz de problemas tendo o P de pessoas em um ciclo constante de catarse e propagação de ideias, protótipos e aplicações.
Esse processo vem absolutamente ao encontro daquilo que defendo há anos: O Marketing não pode e não deve mais ser visto e praticado como somente técnicas que levam o produto certo, no momento certo, no local certo, com o preço adequado ao público correto. Marketing não é somente publicidade!
Marketing é Gestão. Marketing é a administração em equilíbrio de Produto, Preço, Ponto de venda, Promoção, Pessoas, Processos, Provas físicas e relatoriais, Opinião pública e Política (micro e macro ambientes) como exposto em Kotler (2010).
Portanto, não trata-se da simples adição de mais cinco P´s aos de Jerome McCarthy da década de 1960, trata-se de entender melhor a extensão, complexidade e beleza dos mercados (markets) e colocar as PESSOAS na centralidade das soluções buscadas por empresas, ONG´s, OSCIPS ou quaisquer outras organizações que habitam e sobrevivem na seara mercadológica.
Prof. Saulo Carvalho
Um entre inúmeros casos de sucesso de aplicação do Design Thinking ocorreu no Vietnã que viu seu PIB mais que dobrar entre 1998 (99 bilhões de dólares) e 2016 (205 bilhões de dólares) segundo a Trading Economics.
No início da década de 1990 o governo vietnamita se deparou com um quadro de 65% de subnutrição em crianças de até cinco anos de idade constatado em pelo menos dez mil vilarejos do país. Um sério problema para um país que almeja crescimento e desenvolvimento econômico.
Mas no lugar de criar programas de alimentação em nível nacional com o fornecimento de alimentos como a maioria dos governantes gostaria, e que teria claramente um elevado custo, o governo adotou a aplicação do Design Thinking enviando equipes para melhor observar os hábitos culinários e alimentares daquela população (imersão).
Essas observações vieram constatar que crianças de alguns vilarejos não eram afetadas pela subnutrição, em função, justamente, de algumas culturas e hábitos diferenciados dos demais. Isso direcionou a estudos mais profundos sobre as características bioquímicas desses alimentos e pavimentou a ideia (ideação) de criar equipes volantes (prototipação) para aprendizagem e difusão de boas e novas práticas alimentares e preparação de alimentos em maior escala por todo país (aplicação).
Ao fim da aplicação do Design Thinking pelo governo vietnamita, constatou-se uma inversão importante: os levantamentos apontaram que frente aos 65% de crianças subnutridas, a técnica adotada com um investimento muito menor de recursos, elevou a taxa de nutrição adequada a 80% das crianças.
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Citação a CARVALHO, Saulo Henrique.
Professor Mestre Saulo Carvalho é Mestre em Gestão e Planejamento (UNITAU) stricto-sensu. Pós-Graduado em Comunicação e Marketing Empresarial (UMESP) lato-sensu, Graduado em Administração de Marketing (UMESP). Admitido em regime especial ao Doutorado sobre Pesquisa Operacional (ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica e Universidade Federal de São Paulo).
Consultor com atuações no Brasil e América Latina. Ministra disciplinas de Administração, Marketing, Pesquisa e Planejamento Estratégico aos cursos superiores de Administração, Marketing e Engenharia. É pesquisador sobre Gestão, Marketing e Ambiente Econômico. Desenvolve e aplica pesquisas científicas sobre Gestão e Marketing.
Lattes CNPq: http://lattes.cnpq.br/4888421957045803
Referências:
Kotler, PHILIP. Marketing 3.0. As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Elsevier Brasil, 2010.
Stanford Social Innovation Review – https://ssir.org/articles/entry/design_thinking_for_social_innovation. Acesso em 24/03/2018.
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